“Velha Juventude”
por Lucas Sigaud em outubro 10, 2008Zero Comentários =( Publicado em Cinema
O que dizer sobre o novo filme de Francis Ford Coppola? O roteiro, escrito pelo próprio, é adaptado de uma história homônima do escritor romeno Mircea Eliade, filósofo, escritor e estudioso de religiões e mitos. Por isso, a trama é uma grande alegoria fantasiosa, meio mística, com debates filosóficos e morais profundos e diversas referências a religiões e obras literárias. E é ótimo!
Este é o primeiro longa de Coppola em onze anos. O aclamado diretor da trilogia “O Poderoso Chefão” não lançava nenhum trabalho desde o seu “The Rainmaker” (ótimo filme de 1997 baseado no romance de John Grisham). Segundo ele, “Velha Juventude” é um filme extremamente pessoal, baseado em um livro que ama, e que a audiência ficará surpresa, uma vez que não é, nem de perto, tipicamente hollywoodiano.
O elenco também contribui para o sucesso do filme, em particular o desempenho esplendoroso de Tim Roth, forte candidato à indicação ao Oscar deste ano. Roth interpreta Dominc Matei, ilustre professor que, em idade muito avançada, conclui que nunca terminará o trabalho da sua vida. Então vive uma experiência cataclísmica que não apenas lhe devolve a juventude, mas também lhe concede conhecimentos e poderes sobrenaturais. Auxiliado pelo Prof. Stanciulescu (Bruno Ganz, excelente como sempre) e atiçado pelas memórias de sua amada Laura (Alexandra Maria Lara, atriz romena que estrelou “A Queda” ao lado de Ganz), Matei tem agora que passar por uma jornada de autoconhecimento, enquanto acontecimentos vão remodelando o mundo ao seu redor.
O filme vem recebido elogios recentemente, chegando a ser citado como uma obra-prima. Alguns críticos chegaram até a compará-lo com as obras de Fellini e David Lynch. Mas uma coisa é certa – um filme como esse, vindo de Coppola depois de todos esses anos, é uma grande, e agradável, surpresa. Esperemos que chegue logo aos cinemas!
Curiosidade: há um detalhe hollywoodiano no filme, sim. A aparição de Matt Damon (não creditada) como um repórter da revista Life, mesmo que por apenas dois minutos, passa um pouco a sensação de extra de luxo, comum nos blockbusters. Mas é só impressão mesmo.