“Viagem ao Mundo dos Sonhos”
por Bruno Accioly em abril 26, 2008Zero Comentários =( Publicado em Em DVD
Tinha eu 14 anos, em 1985, quando foi lançado, pela Paramount, o filme de Joe Dante (de “Gremlins”, “Twilight Zone” e “Viagem Insólita”) “Viagem ao Mundo dos Sonhos”, com Jason Presson, Ethan Hawke e River Phonix.

Alguma coisa estava acontecendo com o cinema naquela época, alguma coisa muito importante. Além de novos e talentosos atores estarem aparecendo, roteiros interessantes e que apelavam para o imaginário da garotada começavam a sair das pranchetas para as telas, pelas mãos de Dante, Zemeckis, Ron Howard e uma série de outros diretores, muitas vezes sob a produção de Spielberg
Fazendo referências a filmes antigos e importantes de ficção científica, como “Guerra dos Mundos”, “O Dia em que a Terra Parou” e “O Planeta Proibido”, “Viagem ao Mundo dos Sonhos acertou em cheio no imaginário infantil e adolescente, lançando mão de arquétipos clássicos de adolescentes – o Geek, o Rebelde e o Garoto-com-quem-qualquer-outro-se-identifica – de forma a cooptar os corações e mentes de uma juventude que via a tecnologia se desenvolver e sabia que algo mágico estava por vir.
Ainda capitalizando em cima das possibilidades geradas por George Lucas, quando criou a Industrial Light and Magic, a indústria cinematográfica começava a amadurecer uma forma de se comunicar com um público jovem mais inteligente que se supunha e que – principalmente nos estados unidos – começava a colocar suas mãos em microcomputadores e a imaginar que tudo era possível.
A personagem vivida por Ethan Hawke começa o filme sobrevoando gráficos computadorizados de circuito impresso, uma revelação que é usada pela personagem de River Phoenix para criar, em seu Apple IIc, um gerador de campo de força anti-inércia controlável que, junto com Jason Presson, usam para empreender uma jornada sonhada por qualquer rapazinho nerd da época.
O “Thunder Road” (), a nave que os meninos montam em um terreno baldio foi batizado com este nome em homenagem a uma música de Bruce Springsteen e o diretor faz diversas outras referências a cientistas e escritores de ficção científica como Einstein, Julio Verne, Robert Heinlein, o que dá um toque gostoso no filme para quem é fã do gênero.
Dante provou, neste filme, sua paixão pelo cinema, ao fazer referência a “Guerra nas Estrelas”, com Hawke imitando Darth Vader usando um sabre de luz;”Cidadão Kane”, com Rosebud encostado em um canto de um ferro-velho; e “Gremlins”, ao mostrar a manchete “Kingston Falls ‘Riot’ Still Unexplained”, em referência a cidade onde os Gremlins criaram toda aquela confusão.
Apesar de todo o potencial e beleza da obra, a Paramount jamais permitiu que Joe Dante terminasse o filme, lançando-o do jeito que estava, o que a meu ver não tira o charme do filme.
Dante encheu o filme de detalhes interessantes, referências familiares para o jovem e o velho nerd e em alguns momentos alcançou a magia de Spielberg, influência forte na Década de 80, com “E.T. – O Extra-Terrestre”, claramente decorrente de uma leitura da visão de George Lucas, com “Guerra nas Estrelas”.
Não faltaram referências, aliás, a “Guerra nas Estrelas”… em dada cena, um filme fictício passa em um drive-in e o nome do filme é “Starkiller”, o primeiro sobrenome cogitado por Lucas para a personagem que acabou se chamando Luke Skywalker.
O DVD está disponível discretamente em Fnacs, Submarinos, Americanas e lojinhas da vida, mas vale tanto pela nostalgia quanto pelas duas curtas mas adoráveis cenas adicionais que foram incluídas na media.
Segue um longo trecho do filme: