Judge Dredd
por Bruno Accioly em dezembro 25, 2012Zero Comentários =( Publicado em Cinema
Sob muitos aspectos absolutamente inesperado e surpreendente, “Judge Dredd” é um filme anacrônico que não parece ter sido lançado em 2012, mas na década de 1980, um daqueles memoráveis filmes onde a simplicidade narrativa e a violência eram mais importantes do que a um enredo elaborado e um roteiro politicamente correto.
A proposta estética da obra parece uma repaginação bem pensada da estética que Riddley Scott teria usado para filmá-lo no passado e, no entanto, em seus 10 anos de carreira, o diretor Peter Travis, que responde pelo filme, não fez mais que 10 produções para a TV e seu potencial só ficou claro mesmo a partir de 2008, com “End Game” e 2009, quando lançou o ótimo “Vantage Point”.
“Judge Dredd” não deixa a desejar aos grandes filmes de ficção científica distópica da década de 80 e faz juz ao personagem de forma mais convincente que o filme de Silvester Stalone (1985), sob direção de Danny Cannon.
Mega City 1 é uma metrópole de 800 milhões de habitantes, que vivem sobre as ruínas da civilização antiga e dentro das mega-estruturas da nova civilização. Os prédios megalíticos dão lugar a um montante populacional que mais se parece com o de pequenas cidades.
Em uma realidade onde 12 crimes são cometidos por minuto e 17 mil crimes têm lugar por dia, a polícia só dá conta de 6% dos delitos diários, mesmo assim porque, para aplacar o crime organizado e criminosos menores o poder executivo e o poder judiciário se juntaram em um corpo de policiais muito especiais chamados “Juízes”, profissionais cujo objetivo é julgar e condenar criminosos no local do flagrante, evitando longos processos e, de forma duvidosa, aumentando a eficiência no combate ao crime.
Dredd é um juíz com a reputação de ser implacável e extremamente competente e é destacado para levar a campo uma mutante mal sucedida nos testes para juíza mas cujas habilidades telepáticas a tornariam um recurso importante no combate ao crime.
Karl Urban, no papel de Dredd, sem tirar o capacete nenhuma vez, faz um personagem enigmático, forte e bastante semelhante ao assustador personagem dos quadrinhos no qual foi inspirado.
Olivia Thirlby (de “Juno”, “Uncertainty” e “The Darkest Hour”), como Anderson, faz uma personagem mais interessante que as que vinha fazendo no cinema até então, mas com a mesma competência de sempre, o que acaba sendo ótima notícia para o filme, que ficaria árido demais se apenas Dredd aparecesse na tela o tempo todo.
A bela e competente Lena Headey (de “300″, “Game of Thrones” e “Terminator: The Sarah Connor Chronicles”) vive uma traficante acabou por comandar o crime organizado em toda Peach Tree, a mega-estrutura vertical na qual Dredd e Anderson acabam por ficar confinados juntos com uma população de gente inocente e centenas de criminosos armados cuja intenção é matá-los para evitar que a responsabilidade da personagem de Headey no tráfico de drogas seja devidamente apurada.
É um filme pouco filosófico e pouco profundo, mas o que lhe falta em profundidade temática sobra em diversão e curiosidade sobre aquele universo e estas personagens que, facilmente, poderiam estar nas telas de TV toda a semana para delírio de quem já curtia o personagem nos quadrinhos.