Alphas – crítica

Alphas, a nova série do SyFy, aborda o assunto os mesmos assuntos dos “X-Men” de forma mais adequada a linguagem das séries de TV e, ao menos até o momento, tomando o mundo real como premissa.

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De muitas formas tanto “Heroes” como os “X-Men” não se encaixam bem na linguagem televisiva. Seja por conta de um público mais diversificado, menos cativo e mais pragmático, seja por conta da tradição da TV de produções de mais baixo custo, a aceitação de séries sobre mutantes – desde “The Misfits of Science” (1985) até “Heroes” (2006) – sempre teve suas reservas.

“Heroes” já havia rompido várias barreiras mas acabou indo por um caminho que, novamente, fez com que mesmo o público conquistado começasse a perder o interesse nas crescentemente fantásticas estórias.

Na nova série, por outro lado, encontramos um pequeno grupo de mutantes Alphas – pessoas que nasceram com habilidades incomuns e diferentes umas das outras – sendo usadas por um professor acadêmico, na tarefa de capturar outros Alphas para então interná-los em uma instituição apropriada que os “ajudaria” a controlar seus poderes.

Os quatro primeiros capítulos são cruciais para o entendimento dos dilemas morais e da intenção dos roteiristas em apontar o medo da diversidade e a denunciada necessidade do ser humano em normatizar o “normal”.

Do primeiro ao quarto episódio Dr. Lee Rosen (o ótimo David Strathairn), o encarregado do grupo de Alphas, começa a desconfiar de quais são de fato as intenções e a política do governo para com o que ele considera uma admirável bifurcação na evolução humana.

A equipe de Rosen é formada pelo hiper-adrenal Bill Harken (Malik Yoba), pelo hiper-sinético Cameron Hicks (Warren Christie), pela hiper-indutora Nina Theroux (Laura Mennell), pela sinestésica Rachel Pirzad (Azita Ghanizada) e pelo fascinante transdutor Gary Bell (Ryan Cartwright).

De forma sutil, a cada episódio, os personagens vão percebendo que há um lado sombrio do trabalho que estão fazendo e que, apesar das evidentes boas intenções de Rosen, podem estar trabalhando para o lado errado.

Em posição delicada, Rosen se vê, ao fim dos cada vez mais tensos primeiros quatro episódios responsável por um time de extremamente talentosos Alphas desconfortáveis com as recentes descobertas e cheios de questionamentos acerca do que de fato estão fazendo.

Quando a Red Flag, organização extremista pró-Alpha, desfere um golpe relevante contra um alvo do governo e Rosen é alertado por um de seus agentes que as coisas não são como parecem, fica claro que não se trata de fato de uma organização apenas, mas de muito mais do que isso.

A série tem futuro e, se souber conter-se sem tentar ficar grandiloquente demais de forma muito rápida – apelando por exemplo para viagens no tempo e efeitos especiais demais – pode bem vir a fazer sucesso tanto junto ao público de quadrinhos, das adaptações cinematográficas dos quadrinhos e do público mais convencional.

Bruno Accioly

Bruno Accioly é diretor da dotweb.com.br, editor do OutraCoisa.com.br, concebeu a iniciativa aoLimiar.com.br e é co-fundador do Conselho SteamPunk