Bioshock – O Filme – por água abaixo?

É difícil se envolver no mundo dos games e nunca ter ouvido falar de Bioshock, um dos maiores sucessos dos últimos anos. A premissa por si só já é interessante, e passível de gerar um adaptação promissora pra os cinemas: ao sobreviver, por um triz, a um acidente de avião, o piloto (o jogador) descobre-se em águas fora do mapa onde se localiza Rapture, uma cidade sub-aquática originalmente com ideais utópicos, mas cujos moradores viviam imersos em engenharia genética até que Rapture tornou-se uma anarquia pura e simples, sucumbindo à guerra civil motivada por desejos de poder e cobiça desenfreados. O mais interessante do jogo, além é claro de tecnicalidades como alto impacto visual e uma jogabilidade excelente, eram as escolhas morais complexas às quais o piloto era submetido.

Ou seja, tudo para funcionar no cinema, certo? A partir de um game de sucesso, o que já garante um nicho de audiência, com um roteiro pesado, sério, muita ação e questões morais envolvidas – uma alta probabilidade de virar um blockbuster nas mãos certas. Não é?

Aparentemente, não. O projeto já andava silencioso há algum tempo: depois de muita especulação, o designer do game Ken Lovine afirmou em AGOSTO passado que o projeto ainda estava “ativo”, e nada mais depois. E agora chega a notícia que o produtor Gore Verbinski não está mais envolvido no projeto. Sua vontade, como declarara inicialmente, seria criar um filme de horror submarino R-rated (classificação norte-americana que proíbe adolescentes com idade abaixo de 17 anos ingressar no cinema sem acompanhante maior de 21 anos), pois “(…) I wasn’t really interested in pursuing a PG-13 version. Because the R rating is inherent. Little Sisters and injections and the whole thing. I just wanted to really, really make it a movie where, four days later, you’re still shivering (…)” (traduzindo – “(…) eu não estava realmente interessado em tentar uma versão PG-13 [onde o limite cai para 13 anos]. A classificação R é inerente. Little Sisters e injeções e tudo o mais. Eu só queria realmente fazer um filme onde, quatro dias depois, você ainda estaria tremendo (…)”).

No entanto, o orçamento para um filme deste porte, com a quantidade de efeitos especiais envolvidas em qualquer filme originário de um game, mais a necessidade de se criar um mundo submarino inteiro e a vontade de Verbinski que ele fosse feito em 3D, ficou alto demais – cento e sessenta milhões de dólares para um filme que corta uma grande fatia do público-alvo dos games pesa até para um estúdio do porte da Universal. A produtora ainda ofereceu alternativas como abaixar a classificação ou filmar em outro país (diminuindo o custo com taxas), mas o ex-produtor recusou, alegando não querer deixar o país.

O que acontecerá com Bioshock? Ninguém sabe. Nem mesmo um nome para o lugar de Verbinski foi ainda cogitado abertamente. Talvez o projeto, com o perdão do trocadilho, tenha mesmo ido por água abaixo.

Curiosidade: Aparentemente, a razão real para Gore Verbinski não querer deixar o país para produzir Bioshock é o desejo do produtor de trabalhar no novo longa de animação da Paramount, “Rango”, estrelado pela sua estrela Johnny Depp.