Charlie Brown e Snoopy comemoram 60 anos

“Que puxa!”.

Uma das criações mais melancólicas e carismáticas das HQs acaba de virar a casa dos 60 anos. Charlie Brown e seu famoso cão Snoopy se tornaram os mais novos — e famosos — sexagenários do mundo no último dia 2 de outubro.

A tira “Peanuts”, ou “Charlie Brown e sua turma”, ou ainda “Minduim”, como ficou conhecido no Brasil, nasceu pelas mãos do cartunista norte-americano Charles Schulz em 1950. Caracterizado por um humor suave e melancólico, que muitas vezes beirava as raias do pessimismo, as tiras iniciais surgiram sem maiores pretensões, como todo grande sucesso: enredo interessante associado a desenhos de traços bem simples, com personagens e ambientações pouco definidas, mais puxadas para as formas arredondadas.

Ao lado de Charlie Brown, um menino de cabeça redonda, calças curtas e apenas uma mecha de cabelo, seus amigos Linus, Lucy, Patty Pimentinha, Marcie e Sally Brown ganharam o coração de muitas gerações de crianças e adultos, retratando um lado da infância pouco visto na época.

Sem falar, claro, no Snoopy, o cachorro mais boa praça do mundo e seu inseparável amigo amarelo, o passarinho Woodstock. Criado inicialmente para ser um “cão de todos”, Snoopy permaneceu mudo nos dois primeiros anos de vida, até que em 1952 começou a verbalizar seus pensamentos através de balões [os famosos diálogos em estilo nuvem] e a ganhar características mais humanizadas, como a capacidade de entender todos os integrantes da turma. Neste período, se tornou o cachorro de Charlie Brown e começou a desenvolver os aspectos que se tornaram sua marca registrada, como a personalidade forte, a capacidade de “sonhar acordado” — o Snoopy escritor é a mais famosa delas — e a mania de dormir fora da casinha. Aliás, no teto dela.

De tirinha em tirinha, as personagens ganharam fama e o mundo e daí para a TV, foi um pulo. Entre os anos de 1983 e 1986, a rede de televisão norte-americana CBS exibiu o desenho animado “The Charlie Brown and Snoopy Show”, contendo 19 episódios baseados em enredos do próprio Charles Schulz, além de dezenas de especiais. A série foi apresentada no Brasil pela Rede Globo e reprisada recentemente pelos canais fechados Disney Channel e Nickelodeon.

Além do desenho, as tirinhas continuaram sendo publicadas em diversos jornais ao redor do mundo, mantendo o interesse do público mesmo sessenta anos depois de criadas.

E para comemorar a façanha e a data, foram anunciados vários eventos e lançamentos com a turma. Lá fora, desde o dia 1º de outubro, os moradores ou visitantes de Washington podem ver a mostra de “autorretratos” de Charles Schulz, com vários desenhos do criador de Snoopy sendo apresentados no Smithsonian’s National Portrait Gallery. Além da exposição, fotografias do Snoopy, shows com Sean Lane e o Projeto Bay Jazz, e oficinas de cartoons com Joe Wos acontecem na cidade.

A Lacoste, marca de roupas conhecida mundialmente, também participa da comemoração com os lançamentos de camisas polo com personagens das tiras interagindo com o jacarezinho característico da marca. Entre as estampas, está o bordado que traz Charlie Brown jogando baseball e o jacaré pegando a bola com a boca, como se fosse seu cachorro de estimação. Até a marca de jóias TSL, de Hong Kong, resolveu comemorar os 60 anos da turma de Charlie Brown. O bibelô criado pela marca é, de longe, o mais caro e luxuoso de todos: um Snoopy cravejado de diamantes, com cerca de 9.917 diamantes claros, 783 diamantes negros e 415 rubis. O único problema desse presente é seu valor: quase US$ 400 mil, segundo o site Luxury Insider.

Aqui no Brasil, as editoras L&PM Editores e Cosac Naify trazem dois lançamentos para quem também é fã de Snoopy e Cia, mas que não tem $ 400 mil pra desembolsar. Trata-se dos álbuns “Peanuts Completo (Vol. 3): 1955 a 1956”, terceiro volume da coleção que pretende reunir todas as tiras já lançadas por aqui e o “Snoopy Extraordinário”, que reúne histórias curtas com o cãozinho.

Desenhado pelo próprio Schulz até o ano de 1999, quando anunciou sua aposentadoria, as tirinhas do Charlie Brown e Snoopy foram traduzidas para mais de 21 idiomas e chegaram a ser publicadas em 2.600 jornais por todo o mundo, alcançando mais de 355 milhões de leitores em 75 países. Um mês após a publicação de sua última tira, Schulz faleceu em sua casa, em Santa Rosa, EUA, devido a problemas de saúde.

Serviço

“Peanuts Completo (Vol. 3): 1955 a 1956″
Autor: Charles M. Schultz
Editora: L&PM Editores
Páginas: 360
“Snoopy Extraordinário”
Autora: Charles M. Schulz
Editora: Cosac Naify
Páginas: 48