A Saga dos “Predadores”

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Lucas Sigaud faz uma jornada pelos filmes da Saga dos Predadores.

O Predador (Predator, 1987)

Um dos grandes marcos da década que consolidou as super-produções do cinema
de ficção científica (começando em 1977 com o primeiro episódio lançado da saga “Star
Wars”, passando por “Alien”, os demais “Star Wars” da trilogia original, “E.T.”, entre
outros) foi o lançamento de “O Predador”, que engloba também muitos elementos de filmes de guerra e de terror.

A história se passa nas selvas da Guatemala, para onde Dutch, interpretado (?) de forma interessante por Arnold Schwarzenegger em um dos muitos papéis marcantes de sua carreira, e seu time de comandos são enviados para uma missão militar. É após ela, no entanto, que o verdadeiro motif do filme vem à tona. No regresso para o ponto de encontro com o helicóptero, o grupo começa a ser caçado por um ser desconhecido.

O caçador desconhecido e não-humano, a ambientação na selva, o grupo militar e, é claro, a grande quantidade de equipamentos tecnológicos futuristas (como o famoso aparato de camuflagem e o bizarro kit médico que o Predador utiliza), criam um cenário aterrorizante. A cena de Dutch concluindo que o inimigo não apenas os está matando, mas os está caçando, um a um, metodicamente, é antológica.

E o fator mais enervante – ao contrário dos grandes filmes anteriores sobre alienígenas, nos quais contávamos com uma invasão completa (“A Guerra dos Mundos”), com problemas em outros planetas (“Alien”) ou até com alienígenas aliados ou incompreendidos (“E.T.” ou “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”), esse era um indivíduo, em nossa ‘casa’, brincando de caçar humanos por esporte. Na época, muitos
inclusive interpretaram o filme metaforicamente como uma alegoria crítica ao hábito de
caça esportiva e/ou indiscriminada.

Obviamente o longa tem algumas falhas, como o clichê de restarem apenas o protagonista e a menina perdida, ou a lama milagrosa que salva Dutch, isolando seu corpo do detector de calor no capacete do Predador. Mas nada que tenha impedido o imenso sucesso de público e até mesmo de crítica, chegando ser indicado a um Oscar de efeitos visuais e alguns prêmios do Saturn Awards (prêmio da academia de filmes de ficção científica, fantasia e horror), incluindo melhor filme e ator, e vencendo o Saturn de melhor música (para o excelente Alan Silvestri, da trilogia “De Volta Para O Futuro”, “Uma Cilada Para Roger Rabbit”, entre outros).

Todos esses fatores, somados à ação praticamente ininterrupta do filme, alavancaram “O Predador” a um dos ícones da história do cinema mundial. E isso tudo sem uma Sigourney Weaver no elenco…

Predador 2 – A Caçada Continua (Predator 2, 1990)

O bom cinéfilo sempre desconfia de continuações com “continua” no título em português. E quase sempre com razão, como “Predador 2 – A Caçada Continua” comprova.

A tentativa de replicar o sucesso e o misto de ação-ficção científica-terror do primeiro filme começou errada com a escolha de ambientar a trama inexplicavelmente em 1997, sete anos após o ano de lançamento do filme. Honestamente – qual o objetivo de se ambientar um filme em um futuro próximo, se nada futurístico é utilizado no mesmo (pelo menos não por terráqueos)?

No entanto, o filme não é ruim – pelo contrário, tem vários pontos positivos. Em primeiro lugar, tenta dar um pouco mais de sentido de verdade a uma das questões fundamentais do primeiro longa: por que um alienígena de uma cultura tão avançada estaria brincando de caçar pessoas em uma selva na América Central? Uma pistola de 1715 se soma às lendas contadas pela menina Anna (em “O Predador”) parecem peças de um interessante quebra-cabeça maior.

Utilizar Los Angeles como cenário, se por um lado diminui o clima ermo de uma selva, por outro acrescenta o elemento de tensão do extraordinário presente no mundano.

O elenco, que inclui Danny Glover como o protagonista Mike Harrigan, além de Gary
Busey e um Baldwin (Adam), consegue dar conta do recado, apesar de faltar alguém com o carisma de Schwarzenegger (ainda que Glover seja bem mais ator que o ex-fisiculturista, ele perde nesse quesito).

Onde “Predador 2” peca é na história. Apesar da trama de um policial se envolvendo em um assunto militar confidencial sem dúvidas ser interessante, a guerra entre a polícia e facções de gângsteres colombianos e jamaicanos já soava boba em 1990 – vinte anos não serviram para melhorar essa imagem. Mas algumas cenas são poderosas o suficiente para que esses pontos sejam relevados – como a cena do metrô ou o confronto final entre Harrigan e o alienígena.

E, é claro, o crânio de um Alien (sim, aquele da Sigourney Weaver) entre os troféus do Predador da vez deixou muitos ávidos por respostas. Os fãs mal poderiam imaginar que a resposta viria na forma de…

Alien vs. Predador (Alien vs. Predator, 2004)

Que decepção. Quatorze anos após os indícios de que as sagas dos alienígenas invasores assassinos mais famosos do planeta poderiam se cruzar, os fãs são brindados (?) com o filme mais sem história de ambos. Uma sucessão de engodos (como, por exemplo, de que a Antártida outrora teria sido tropical e habitada por povos semelhantes aos Incas que construíram uma imensa pirâmide até então desconhecida, etc.) indicam que os Aliens e os Predadores sempre coexistiram.

A única coisa mais interessante do filme é o interior da pirâmide, que modifica sua estrutura interna a cada dez minutos, estruturando-se como um labirinto móvel. No entanto, mesmo essa idéia assemelha-se ao castelo de Hogwarts, do Harry Potter. Sério? Sério.

Ok, para não ser injusto, a fotografia e os efeitos especiais do filme são realmente de tirar o fôlego, e as participações da desconhecida Sanaa Lathan como a protagonista Alexa Woods e de Lance Henriksen (que já participara de alguns filmes da saga “Alien”)
tentam puxar o filme para cima.

Apesar do retumbante fracasso de crítica, “Alien vs. Predador” foi sucesso de bilheteria, arrecadando nada menos que 172 milhões de dólares. Isso, e o final já cunhado com o intuito de gerar uma continuação, levaram à aberração que é…

Alien vs. Predador 2 (Alien vs. Predator: Requiem, 2007)

Eu escrevi anteriormente que “Alien vs. Predador” é o filme mais sem história de ambas as sagas? Esquece. “Alien vs. Predador 2” faz o anterior parecer um filmaço. Não vou nem perder o meu tempo nem o do leitor gastando palavras com essa piada. Basta dizer que agora há o PredAlien, mutação genética que é uma combinação das duas raças. Precisa falar mais alguma coisa?

Predadores (Predators, 2010)

O que esperar do novo lançamento? “Predadores”, muito em decorrência da decepção com os dois anteriores e da recusa de Arnold Schwarzenegger frente ao convite de retornar à saga, chega cercado de dúvidas e reticências por parte dos fãs.

No entanto, apesar de (pelo menos para mim) a idéia de mudar o cenário não seja a mais indicada – a ação se passa em um planeta utilizado como curral de caça pelos Predadores, a trama de juntar personagens com alto treinamento militar em um “jogo” no qual os caçadores são na verdade as presas pode ser interessante, ainda que não tão original assim.

E o elenco, encabeçado pelo ótimo Adrien Brody e que conta também com Topher Grace (“That 70’s Show”), Laurence Fishburne (trilogia “Matrix” e as novas temporadas de “CSI”) e a brasileira Alice Braga, em seu terceiro longa hollywoodiano (sucedendo o bom “Eu Sou A Lenda” e o fraco “Território Restrito”) é, disparado, o melhor que um longa da série já teve.

Outro alento para aqueles que esperam por uma continuação à altura do filme original é a declaração do diretor Nimród Antal (em sua primeira superprodução) de que almejou fazer uma continuação apenas de “O Predador”, e que os filmes cruzados com a série “Alien” transformaram os Predadores em caricaturas. Ou seja, há esperanças!

Curiosidade: em “O Predador”, o alienígena seria interpretado por Jean-Claude
Van Damme. Mas ele foi cortado das filmagens e substituído por Kevin Peter Hall por ser muito mais baixo que Schwarzenegger e outros membros do time de comandos, e por estar sempre reclamando que o traje era quente demais e que iria desmaiar.

Curiosidade 2: “Long Tall Sally”, música de Little Richard marcante no primeiro filme, volta a tocar em “Predadores”.

Curiosidade 3: O título “Predators”, no original, está para “Predator”, assim como “Aliens” (o segundo da série) está para o primeiro “Alien”. Proposital? Com certeza, mostrando a intenção do diretor e do produtor Robert Rodriguez de se distanciar dos demais longas da linha e delinear o atual como uma continuação de “O Predador” apenas.

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