Encontro Explosivo

Alguns filmes não têm comprometimento com nada, mas nem por isso são ruins (o que também não os coloca no time dos melhores), como é o caso do encontro explosivo entre Cameron Diaz e Tom Cruise, no novo filme de James Mangold. Diretor acostumado a filmes mais densos, como o intrigante Garota, Interrompida(1999), Identidade (2003) e os Indomáveis (2007), nesse novo longa ele abusa da ação e efeitos especiais mirabolantes.

O filme começa quando a jovem June Havens (Cameron Diaz) está se preparando para uma viagem para o casamento da irmã. No aeroporto ela conhece Roy Miller (Tom Cruise) e acaba perdendo o avião, enquanto ele embarca. O destino a coloca dentro do vôo, Roy sofre uma tentativa de assassinato, mas consegue se livrar dos bandidos, o avião faz um vôo forçado e a partir daí haja ação no filme… Roy é um agente que guarda consigo uma bateria especial, que jamais descarrega. O objeto é cobiçado pelo governo dos Estados Unidos, que enviou o agente Fitzgerald (Peter Sarsgaard) para obtê-lo, e Antonio (Jordi Mollà), um perigoso bandido espanhol, que vai fazer de tudo para possuir o objeto da cobiça americana.

A essa altura da história já não sabemos se Tom é o mocinho ou o vilão, se Cameron vai conseguir se livrar dele e se a bateria seria usada ou não para um ataque terrorista. É isso mesmo, ataque, já que supremacia americana acha que qualquer tecnologia de ponta pode ser usada contra eles se caída em mãos erradas.

O filme traz algumas boas cenas de ação, regadas a muito tiro e charme de Diaz, que entre uma fuga e outra faz cara de coitadinha e é submetida a doses excessivas de tranqüilizantes para não estragar os planos do detetive Cruise, que embora demonstre um certo deboche para interpretar esse personagem, cristalizou para sempre o mito de galã dos anos 80, que sofre do início ao fim do filme e acaba o longa sem um arranhão pelo corpo, com os cabelos no lugar e uma sede de mais aventura. Talvez seja por isso que vem aí Missão Impossível IV (não é brincadeira, teremos sim uma nova aventura do Agente Ethan Hunt, haja paciência!)!

O primeiro esboço deste roteiro foi escrito por Patrick O´Neill e se chamava “Trouble Man” (Homem Problema). Mas o material foi reescrito diversas vezes, passando pelas mãos de Scott Frank, Dana Fox e Laeta Kalogridis, até que finalmente foi aprovado por Tom Cruise e Cameron Diaz. Ainda assim o roteiro teve um último tratamento supervisionado pelo diretor James Mangold, contando com a ajuda de Ted Griffin, Nick Griffin e Timothy Dowling.

É justamente no roteiro que temos o maior e o pior problema do filme, as cenas entre um tiroteio e outro não se encaixam deixando alguns buracos não preenchidos, em alguns momentos a história também se perde, não sabemos quem é quem e para quem estão trabalhando. E o que dizer da cena em que June vai à casa dos pais de Roy e descobre que ele se fingiu de morto esse tempo todo para proteger a família, tudo bem que um draminha às vezes ajuda, mas é uma cena deslocada que não serve pra nada, já que o protagonista nunca voltará para o seio de sua família (nossa, filosófica esta última frase).

Uma boa sacada da direção musical foi justamente fazer uma trilha sonora que respeita as tradições musicais do lugar em que a história está centrada no momento, passamos por uma seqüência espanhola, uma batida litorânea, que lembra o Havaí, uma trilha densa e sensual quando as tomadas estão na Áustria e aquela trilha básica de suspense americano quando o filme está nos Estados Unidos.

Ainda assim é um filme que compensa a sessão pipoca dessas férias: é engraçado e os efeitos são muito bem produzidos e bota efeito nisso, aliás o talento que sobrou para os efeitos faltou no roteiro. Portando se divirtam é o que eu desejo. Mas como eu gostaria de ver o Tom em um personagem que desafiaria seu talento! Chega de agentes, queremos lágrimas.

Encontro Explosivo

titulo original: (Knight and Day)
lançamento: 2010 (EUA)
direção: James Mangold
atores: Tom Cuise, Cameron Diaz, Peter Sarsgaard, Viola Davis
duração: 109 min
gênero: Ação
status: inéditos