Shrek para Sempre
por Rangel Andrade em julho 12, 2010Um Comentário Publicado em Animação, Cinema
“Sabe qual foi a melhor coisa desse dia? É que eu pude me apaixonar outra vez por você.”
Há uma década chegava aos cinemas a primeira franquia do ogro mais feio e amado do mundo: Shrek.
Seguido por Shrek 2, Shrek terceiro e a etapa final Shrek para sempre. No primeiro filme somos apresentados à um mundo Tão tão distante, onde criaturas feias são dotadas dos mais puros e doces sentimentos e os belos e soberanos são tiranos sedentos por poder; nesse longa encontramos nosso amigo Ogro em sua jornada para resgatar a bela princesa Fiona da torre do dragão, onde foi encerrada após uma maldição onde durante o dia ela é uma bela princesa e a noite se transforma numa horrenda ogra. Na sequencia Shrek 2, Fiona é prometida em casamento ao Príncipe Galante, um sujeitinho chato e que se preocupa só com a beleza; ela e Shrek conseguem driblar os pais da noiva e acabam se casando. Shrek terceiro traz nosso belo casal de protagonista com uma família formada vivendo os percalços do dia-dia para criarem os filhos e como não pode faltar uma crise de meia idade em uma família esse se torna o eixo dramático para o filme final da franquia: Shrek para sempre.
Os quatro longas carregam com eles o poder de desmistificar o mito da beleza e criar uma relação que vai além do superficial. Fiona e Shrek são feios por natureza, mas trazem com eles sentimentos puros onde o que importa é o amor compartilhado e não a beleza exposta. Fiona contraria todas as apostas e resolve assumir a identidade de Ogra, deixando para trás as implicações que uma vida de princesa levam, optanto pelo amor ao invés da comodidade imposta pela sociedade que a cercava.
É um filme que vai além do simples rótulo de animação infantil, o público alvo, no caso as crianças, se bem direcionadas conseguem enxergar além do que é mostrado nas telas e começam a fazer uma previa avaliação de quais sentimentos e caminhos devem dar prioridades na vida.
A escolha de Fiona no primeiro filme é um ponto a ser analisado mais profundamente, ela opta pelo amor, e amar implica em ceder, em estar presente no tempo do outro, em deixar de lado uma sociedade vazia, mesquinha e interesseira e se fazer presente na vida da pessoa escolhida. Amar é uma opção. E Fiona deixa isso claro ao se entregar a uma vida diferente da qual ela vivia, prefere a felicidade a comodidade de um futuro já estabelecido. Amar é viver e estar disposto ao outro e só se ama com tempo. Não há tempo sem disposição.
Shrek é a figura de um homem esquecido pela correria do dia-dia, um sujeitinho feio, desajeitado, mas com o coração do tamanho do mundo que vai até as últimas conseqüenciais para salvar seus amigos. Difícil encontrar alguém assim hoje no mundo? Não. Ainda existem pessoas de índole boa, o complicado é que nos acostumamos com a correria do mundo contemporâneo e não temos mais tempo para analisar o que se esconde por trás de um rosto sofrido ou diferente daquilo já estabelecido pela sociedade. O que faz com que Fiona se destaque entre todas as mulheres é justamente esse tempo que ela está disposta a ceder para conhecer um pouco mais do ser amado e se deixar embalar pelo objeto de desejo.
Mas como a rotina sempre é o pior vilão do amor, nesse último filme vemos um Shrek preocupado com sua vida de casado, onde todo dia é sempre igual o dia anterior. Em um surto de histeria ele estraga a festa de aniversário dos filhos e reclama de sua condição atual: um orgro que não mais causa medo, um marido cansado do casamento e de fazer tudo igual todos os dias. É nesse momento que surge em seu caminho o duende Rumpelstiltskin (com certeza o antagonista mais carismático de toda seqüência) o duende lhe oferece uma dia da sua antiga vida de volta, mas em troca ele também quer uma dia de vida do ogro. Shrek aceita e a confusão está formada.
Ao embarcar no seu novo dia, Shrek percebe que nada é mais como antes, o reino Tão tão distante agora é governado por Rumpelstiltskin e uma legião de bruxas, Fiona é uma guerreira ogra procurada pelo novo rei, nenhum dos seus amigos lhe conhece mais e para piorar a situação a única forma dele reverter o quadro é ganhando um beijo de amor de Fiona, mas só tem um problema a bela jovem não acredita no amor e se tornou uma mulher durona.
O vilão deste novo filme foi retirado de uma história criada pelos irmãos Grimm em 1812, nela Rumpelstiltskin visita a filha de um moleiro trancada em uma torre forçada fiar palha transformando-a em fios de ouro para não ser executada pelo rei. Em uma das melhores seqüenciais do personagem ele tenta insuflar a população local para uma matança aos ogros e se veste como um rei bonzinho, comportadinho e desfilando por cenários belos e bucólicos faz seu discurso recheado de más intenções e ganância. E pra variar a prole cai na sua conversa e vai o povo ser feito de palhaço novamente num reino tão distante daqui.
Em meio a esse desfile de personagens novos e antigos, como Pinóquio, o Gato de botas (gordo e preguiçoso) e o Biscoito que reaparece neste último filme vamos torcendo pela reconquista do amor do nosso casal de orgros, juntos vamos vivendo as angústias do personagem e suas lições aprendidas em uma dia diferente, mas marcante. Shrek chega a conclusão que tem tudo que sempre desejou e que oportunidade de um dia para tentar refazer sua vida só valeu a pena porque ele pode redescobrir alguns valores perdidos e se apaixonar novamente por Fiona.
Esse é um filme mais dramático se comparado as seqüências anteriores, mas nem por isso perdeu seu humor e nem deixa a desejar nas tomadas de ação. Os efeitos especiais são os mais bem produzidos de todos os longas da série Sherek e sem falar que este filme chega as telas em 3D e faz merecer o rótulo terceira dimensão. É o melhor filme de toda franquia.
titulo original: Shrek Forever After
lançamento: 2010 (EUA)
direção: Mike Mitchell
atores: Mike Myers , Cameron Diaz , Eddie Murphy , Antonio Banderas , Julie Andrews
duração: 93 min
gênero: Animação
status: inéditos