Os Homens que não Amavam as Mulheres
por Rangel Andrade em junho 2, 2010Um Comentário Publicado em Cinema
Todo roteiro adaptado traz em si a lenda de se tornar um mal filme ou não agradar os fãs que tanto esperam pela adaptação cinematográfica do livro que os acompanhou por semanas. Foi assim com o equivocado O Código Da Vinci, de Ron Howard em 2006 ou o atual Alice no País das Maravilhas que divide as opiniões dos fãs de Tim Burton: ora amam, ora odeiam. Mas há outras franquias que acumulam sucesso de fãs, como o caso da série Harry Potter, que não seguiu ao pé da letra o livro que dá título ao último filme: O Enigma do Príncipe (David Yates, 2009), mas conseguiu uma boa aceitação por parte dos cinéfilos potterianos; outro destaque é O Senhor dos Anéis, maior sucesso da carreira de Petter Jackson, que no início dos anos 2000 encantouos fãs de Tolkien. A mais recente adaptação de um best-seller vem de uma parceria entre Alemanha, Dinamarca e Suécia: Os homem que não amavam as mulheres.
Escrito pelo sueco Stieg Larsson, a história começa quando o jornalista Blomqvist (Michael Nyqvist) é acusado injustamente de difamar um corrupto em sua Revista Milennium. Ele é obrigado a deixar a revista e acaba sendo contatado pelo industrial Henrik Vanger (Sven-Bertil Taube) para uma missão que a princípio parecia impossível: descobrir o que aconteceu com sua sobrinha desaparecida há 40 anos. Vanger acredita que ela foi assassinada por um dos membros da família, a qual detesta, mas não há pista alguma e a própria polícia arquivou o caso.
Em um outro eixo da trama se encontra Lisbeth Salander (Noomi Rapace), uma jovem com um passado tão misterioso quanto o da família Vanger. Lisbeth é uma punk com possíveis problemas mentais e que passou anos em um reformatório para jovens após incendiar um homem (os motivos não ficam claro no filme já que esse passado é o pano de fundo para a sequência A menina que brincava com o fogo), ela é dona de uma inteligência investigativa tamanha e acaba se colando na missão de Blomqvist. A partir daí a trama se desenrola de forma surpreendente onde crimes interligados vão revelando homens com tendências nazistas e pouco amor as mulheres.
O filme foi dirigido pelo norueguês Niels Arden Oplev, que não quis fazer a sequência dos livros e questionado os motivos se limitou a dizer que decidiu fazer somete o primeiro filme. Rasmus Heisterberg e Nikolaj Arcel foram os responsáveis pelo roteiro. A produção do filme ficou por conta da empresa Yellow Bird, que também produziu a série Wallander, baseada no famoso detetive Kurt Wallander, criado por Henning Mankell.
O grande destaque com certeza é da atriz Noomi Rapace, ela é de uma naturalidade e uma força em cena poucas vezes vistas em atrizes jovens. Com poucas informações sobre o passado da personagem e com um presente capaz de tirar qualquer mulher do seu prumo, a personagem é de uma força tamanha que chega as vezes a deixar Michael Nyqvist em segundo plano. O diretor Niels Arden Oplev afirma que queria uma atriz desconhecida do grande público sueco. Nomi era a favorita dos produtores, mas ele não gostava muito dela, contestava dizendo que ela era demasiado bonita e feminina para o papel. Mas no casting, ao fim de duas horas, estava completamente convencido. “Ela tinha uma presença muito forte e uma veracidade emocional brutal. Ela abordou logo ali o papel de uma forma que me convenceu por completo”, completa Niels
É um filme ágil e empolgante. Somos confundidos o tempo todo e também nos envolvemos nessa busca acirrada por um assassino(?) que consegue se fazer invisível durante todo o filme. O filme não tem a pretenção de ser um suspense ou triller de terror explícito onde mulheres (lindas) acabam sendo vítimas de homens que simplesmente as odeiam. É um suspense, sim, mas abandona os clichês de músicas temáticas, sombras espiatórias, carros negros ou telefonemas anônimos e se foca em uma história onde o passado dos personagens revela quem são e o que podem fazer no presente.
Há rumores que os americanos também querem sua versão do filme devido ao seu potencial de arrecadação e que David Fincher (O quarto do pânico e O curioso caso de Benjamin Button) será o diretor e Brad Pitt ficará com o papel do detetive boa pinta. Questionamentos a parte, resta esperar e ver no que dará esse versão americana já que a sueca agradou tanto os fãs e fica difícil repetir a mesma proeza em dois filmes baseados no mesmo livro e lançado tão pertos um do outro. Como diria o velho ditado o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas será que um mesmo livro daria dois bons filmes?
Curiosamente o escritor Stieg Larsson morreu antes de ver o sucesso de seus livros e poder ver nas telas de cinema a adptação pirmorosa de seu livro de maior sucesso. Com certeza ele iria se orgulhar de ver uma adaptação tão fiel a história e aos fatos por ele criado. É um dos grandes destaques de roteiro adaptado do cinema atual. Em 2010 ainda chega as telonas a seguência A menina que brincava com o fogo e em 2011 A Rainha do Castelo de Ar. Aos fãs o que resta é aguardar e torcer para que sejamos agraciados com mais duas belas adaptações.
Os Homens que não Amavam as Mulheres
Titulo original: (Män Som Hatar Kvinnor)
Lançamento: 2009 (Dinamarca) (Alemanha) (Suécia)
Direção: Niels Arden Oplev
Atores: Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Lena Endre, Peter Haber, Sven-Bertil Taube
Duração: 152 min
Gênero: Suspense
RANGEL ANDRADE
Ator e fundador da ESS N.CIA, cia de teatro.
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