Fúria de Titãs – Rangel Andrade

A mitológica odisséia de Perseu, um remake do filme de Ray Harryhausen, de 1981, traz no papel principal Sam Worthington, de “Avatar.” Ralph Fiennes, o eterno vilão Voldemort da série Harry Potter, aqui da vida a Hades, o senhor da terra dos mortos e também vilão.

Em Fúria de Titãs, a disputa lança homens contra reis e reis contra os deuses. Nascido de um deus, porém criado como homem, Perseu (Worthington) se vê indefeso para salvar a família da aniquilação por Hades (Fiennes), o vingativo deus do reino dos mortos. Sem nada a perder, Perseu se oferece como voluntário para comandar a perigosa missão de derrotar Hades, antes que este consiga obter poder de Zeus (Liam Neeson) e instalar o inferno na Terra. Liderando um grupo de guerreiros, Perseus parte numa arriscada jornada nas profundezas dos mundos proibidos. Combatendo demônios cruéis e monstros terríveis.

Dá pra se empolgar bastante com as batalhas, as criaturas são grandiosas e os cenários (boa parte deles construídos de verdade) impressionantes, mas tudo o que liga uma cena de pancadaria fantástica a outra simplesmente não funciona. E o que dizer dos figurinos de Emma Porteus que trazem uma visão mais moderna dos deuses, eles abandonam a “batinas” e se vestem de calças e armaduras. Uma visão moderna e bem feita para esses seres que antes só usavam roupas brancas (mocinho) e preta (vilão).

A única parte um pouco dramática do filme fica por conta das questões de Perseu em se aceitar ou não como um semi-deus, somente assim ele poderá ter o domínio dos poderes que lhe são de direito, desafiar a sorte e criar seu próprio destino. E tentando ser um pouco mais filósofo na análise temos em Argos uma legião de homens (que mais parecem seguidores de Gandhi, do que gregos) que para se salvar enfrentam o tirano rei Acrisius (Jason Flemyng) e oferecem Andrômeda (Alexa Davalos) ao Kraken, um bando de anarquistas em uma época em que tal definição ainda não existia, mas sabiam muito bem que a desordem seria a base para salvação de suas vidas.

O roteiro de Travis Beacham, Phil Hay e Matt Manfredi ( baseado no original de Beverley Crosschega) chega a ser chato e o filme só não é pior por causa dos grandes efeitos especiais, embora em alguns momentos chega a lembrar Harry Potter na sequência dos comensais da morte e das aparições (grandiosas) de Voldemort. Mas deixa a desejar ao não aprofundar nas questões mitológicas, se o público for leigo no assunto ficará perdido em meio a muitas informações jogadas. Os Djain, os seres do deserto, são um luxo de maquiagem e efeitos, mas quem são eles e de onde vieram? E a questão da Medusa também deixa um vácuo no ar, ela é capaz de matar mesmo depois de morta?

Tudo bem que é ficção, o que justifica a presença do Kraken que foi importado da mitologia escandinava, mas tudo tem que ter uma justificativa, não basta apenas lançar uma ideia em cena se não há lógica para mesma.

Por falar em Medusa, para o desenhista de produção Aaron Sims, conceber o visual da mulher-cobra foi uma das tarefas mais difíceis devido a complexidade do personagem e a indefinição existente entre parecer humano ou serpente. Ele contou que um dos visuais apresentados ficou parecendo Lorde Voldemort, personagem da série Harry Potter.

Ainda assim é o filme que mais arrecadou no final de semana da páscoa nos Estados Unidos, aqui no Brasil o filme chega as telas no próximo dia 21 de maio, sendo disponibilizado em sua maioria em 3D. Apesar de não ter sido filmado totalmente em tecnologia tridimensional e convertido para a mesma depois de concluído, essa é a melhor opção para curtir essa aventura. É melhor ter os efeitos mais próximos e aproveitados já que o filme termina com um gostinho de quero mais.

Fúria de Titãs

Título original: (Clash of the Titans)
Lançamento: 2010 (EUA) (Reino Unido)
Direção: Louis Leterrier
Atores: Sam Worthington , Ralph Fiennes , Liam Neeson , Gemma Arterton , Danny Huston
Duração: 118 min
Gênero: Épico
Status: inéditos

RANGEL ANDRADE

Ator e fundador da ESS N.CIA, cia de teatro.

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