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De repente tudo que você planejou começa a dar errado. Você se dá conta que a empresa dos seus sonhos vai mal, que você não é satisfeito sexualmente e que seu único amigo é um mala. A primeira vista, Joel Reynold (Jason Bateman) parece ter de tudo: afinal de contas, ser o “Rei dos Extratos” deveria fazer dele o homem mais feliz do mundo.

Em Maré de Azar, o roteirista e diretor Mike Judge (“Beavis and Butt-Head”, “O Rei do Pedaço”) adentra uma empresa de extrato de sabores para fazer uma humorada sátira sobre o que faz o homem feliz nessa sociedade corriqueira onde o que vale é o poder do dinheiro e não as pequenas realizações. Joel é o dono da Reynold Extracts, uma empresa habitada por típicos perdedores: Step (Clifton Collins Jr.), um machão convicto, Rory (TJ Miller), um nerd roqueiro gótico e Mary (Beth Grant), a embaladora desleixada e amarga, e o próprio Joel, um chefe infeliz e de pulso fraco com os funcionários.

Joel está há três meses sem transar e se não chegar em casa até as 8 horas da noite encontra sua mulher, Suzie (Kristen Wiig), em calça de dormir, ela está tão ligada ao trabalho dele quanto ele no dela. Não que sejam exatamente infelizes, mas não mantém a mesma intensidade dos recém-casados. Ele acaba por confidenciar ao amigo, (também frustrado), Dean (Ben Affleck), um barman chapado, seus problemas e sua vontade de trair a esposa com sua mais nova empregada, a vigarista Cindy (Mila Kunis).

A partir daí se envolve, literalmente, em uma maré de azar onde ele e o amigo resolvem contratar um garoto de programa para seduzir Suzie, e assim poder trai – lá; na empresa um acidente afasta Step do trabalho e os planos Joel na venda para General Mills vão por água baixo, sua esposa acaba por se envolver com o michê e Cindy seduz Step e este move um processo milionário contra a Reynold Extracts.

Mike Judge, conta com um bom elenco nas mãos, exceto Kristen Wiig intérprete de Suzie, que chega a ser chata com sua personagem sem expressões. Mas o destaque fica por conta do elenco coadjuvante, as empregadas mal-criadas e preguiçosas são um destaque à parte. Ben Affleck, apesar de estar em mais um papel cômico, não repetiu as mesmas interpretações esperadas com carinhas prontas dos seus filmes anteriores. E Jason Bateman que consegue captar e transpor para o filme de forma leve as inquietações de seu personagem.

Apesar do meu mal desgosto com algumas traduções de títulos para nosso idioma, dessa vez escolheram bem o nome que encabeça a obra, já que o original Extract (Extrato) é bem pior que Maré de Azar, que define com mais eficiência o enredo do filme.

É um filme interessante, se destaca mais pelos questionamentos de uma sociedade moderna e sedenta por dinheiro, do que pelo desenrolar da história que apesar de trazer um humor seco, deixa um pouco a desejar no final. Mas é uma boa pedida para um domingo á tarde onde o que predomina é o Gugu e o Fautão (juro que a intenção não era rimar).

Ficha Técnica

Direção: Mike Judge
Elenco: Jason Bateman, Mila Kunis, Ben Affleck, Kristen Wiig, Clifton Collins Jr., David Milligan, J.K. Simmons, David Koecher
Participação especial: Gene Simmons
Duração: 92 minutos

Rangel Andrade

Ator e fundador da ESS N.CIA, cia de teatro.