O Bem Amado, o filme

Em ano de eleições o que não falta são reportagens falando de escândalos, dinheiros escondidos em baixo do tapete ou dentro de cueca, rixas eleitorais, ibope, data folha, vox populi, nomes esquecidos que vêm à tona, defuntos que renascem juntos com suas teorias ultra modernas sobre o desenvolvimento agrário ou reforma da previdência… e vai o povo votar. Que lindo, a democracia sendo exercida!

Não é a toa que o cinema também trouxe algumas estréias (políticas) marcantes para 2010: Lula, o filho do Brasil, de Fábio Barreto, não alcançou a repercussão prometida, mas deu seu recado; Utopia e Barbárie, de Silvio Tendler, que não defende nem um ou outro candidato, mas alega de forma explícita que devemos lutar por nossos ideais sejam políticos ou não. E em julho chega às telas O BEM AMADO, dirigido por Guel Arraes (“Auto da Compadecida”, “Lisbela e o Prisioneiro”) , é uma adaptação do texto: “Odorico, o Bem-Amado ou Os Mistérios do Amor e da Morte” (1962) de Dias Gomes, e traz no elenco nomes de peso: Marco Nanini, Drica Moraes, Maria Flor, Caio Blat, Matheus Nachtergale, José Wilker, Andréa Beltrão, Zezé Polessa, Edmilson Barros e Tonico Pereira.

A trama conta a história de Odorico Paraguaçu, o prefeito que tem como principal objetivo conseguir um defunto para inaugurar a sua grande obra, o cemitério da cidade de Sucupira. Apesar das dificuldades, Odorico Paraguaçu não se da por vencido, e não medirá esforços para conseguir realizar seus planos.

“Essa referência ao coronelismo ficou muito antiga. O Odorico é um político pretensioso, ambicioso, nascisita e carismático. È um vilão cativante pela comédia. Os políticos bem-amados podem ser bons ou maus”, diz Guel, filho de um político bem popular (Miguel Arraes, governador de Pernambuco, por três vezes, que morreu em 2005).

Qualquer semelhança com os fatos atuais do Brasil será mera coincidência, já que peça foi escrita em 1962 e estamos um pouco mais “modernos” hoje, vivemos em um país onde a democracia impera e esperança se concentra no próximo 03 de outubro. Até lá agente espera…..

Exibida em 1973, O Bem Amado é um dos marcos da televisão brasileira. Foi o primeiro folhetim a mostrar personagens e histórias genuinamente brasileiras, a primeira novela nacional em cores, a primeira produção da Globo exibida no exterior e o primeiro trabalho de Lima Duarte como ator da emissora. Em razão do grande sucesso, O Bem Amado deu origem a uma série homônima, que foi ao ar entre 1980 e 1984, com 220 episódios.

Ficha Técnica

Direção: Guel Arraes
Gênero: Comédia
Distribuidora: Disney
Estreia: 23 de Julho de 2010

Rangel Andrade

Ator e fundador da ESS N.CIA, cia de teatro.