Sede de Sangue

Todos nós temos um instinto animal. Seja pela sobrevivência, busca de um prazer temporário, libido sexual, desejo insaciável, com finalidade pecaminosa ou não, mas sempre com o mesmo fim: satisfação.

Sede de Sangue ganha força mais por levantar alguns questionamentos fundamentais à capacidade de autocontrole do homem do que pelo roteiro em si; que consegue prender o expectador até a cena em que Shin Ha-kyun (Kang-woo) é assassinado. A partir daí o filme apresenta sucessivas cenas de violência regadas a sangue (muito sangue, como sugere o título), tornado-se um filme chato e caminhando para um previsível e bizarro final.

Destaca-se, no entanto, a interação dos atores Song Kang-ho (Padre Sang-hyeon) e Kim Ok-vin (Tae-joo), que conseguem cativar o espectador e dar realismo surpreendente às cenas de sexo. Outro ponto forte é o questionamento do significado da fé. Carência? Falta de amor próprio? Busca de um ser superior que nos tire do nosso local comum e nos transforme? Mas e esse escolhido, tem o direito de pecar? O Padre Sang-hyeon, é visto por muitos como “salvador”, mas esconde sua grande sede de sangue e sexo.
Em um mundo assolado por corrupções religiosas, essa alegoria vivida pelo ator Song Kang-ho nos faz pensar onde estamos e em que acreditar.

Apesar de um roteiro que desliza, o diretor, Park Chan-wook (Old boy e Zona de risco), tem um certo talento para criar climas tensos durante toda a película: o alicate de unha que entra e sai da boca (será que ela vai matá-lo?), sangues que jorram sem medo de causar vômitos em quem assiste ou um anzol que fica preso na orelha e demora a rasgá-la.

Se é bom ou ruim, cabe ao público (alvo?) decidir já que é mais um filme de vampiro que estréia em 2010.

Sede de Sangue

Titulo Original: (Bakjwi)
Lançamento: 2009 (Coréia do Sul)
Direção: Park Chan-wook
Atores: Song Kang-ho , Kim Ok-vin , Kim Hae-sook , Shin Ha-kyun , Park In-hwan
Duração: 133 min
Gênero: Terror

Rangel Andrade

Ator e fundador da ESS N.CIA, cia de teatro.