“O Lutador”
por Tita Mirra em fevereiro 12, 2009Zero Comentários =( Publicado em Cinema, Destaque, Orgulho Nerd
“O Lutador” (“The Wrestler”) estréia nos cinemas brasileiros nessa sexta-feira. O longa, do diretor Darren Aronofsky (de “Réquiem Para Um Sonho”), já faturou o Leão de Ouro no Festival de Veneza, além do Bafta e do Globo de Ouro de melhor ator para Mickey Rourke, que também concorre ao Oscar na mesma categoria.
É realmente impossível falar do filme sem traçar um paralelo com a vida do ator. O galã de “9 e 1/2 Semanas de Amor” esteve no auge nos anos 80, até chutar tudo para o alto para ser boxeador profissional. Com alguns quilos e diversas plásticas a mais, somados a má reputação por conta de seu gênio difícil, Rourke precisou da ajuda dos poucos amigos que lhe restavam para se manter na ativa em Hollywood.
A redenção acontece duas décadas depois: Mickey Rourke está perfeito no papel de Randy Robinson, sua interpretação é sincera, rude mas ao mesmo tempo comovente, e merece toda a atenção que tem recebido.
Em “O Lutador”, a decadência é o assunto recorrente e se faz presente na escolha das locações e figurinos, na própria história das personagens, passando pela trilha sonora – rock da década de oitenta, em sua maioria de bandas que se encontram no ostracismo. O tema “The Wrestler”, música inédita de Bruce Springsteen, que faturou o Globo de Ouro de melhor canção original, complementa o filme com perfeição.
Dos tempos áureos em que era um astro da luta-livre, Randy Robinson mantém apenas o apelido: The Ram (Carneiro, em português). As lutas das quais ainda participa são, na maioria, eventos beneficentes ou em ginásios escolares e, apesar de idolatrado pelas gerações mais jovens de lutadores, ele se sente cada vez mais deslocado.
Se as coisas já não funcionam tão bem dentro dos ringues, fora deles a situação é ainda pior. Morando num trailer e trabalhando num supermercado para pagar as contas, ele precisa lidar com todo tipo de humilhação. Solitário, Randy só encontra companhia nas crianças, com quem brinca de vez em quando, e na stripper Cassidy (Marisa Tomei, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante), por quem demonstra algum interesse amoroso. Tenta uma reaproximação de sua filha Stephanie (vivida por Evan Rachel Wood), após anos de ausência, mas põe tudo a perder novamente.
O abuso de medicamentos e esteróides, além dos golpes violentos sofridos durante todo esse tempo, começam a cobrar seu preço. Após sofrer uma parada cardíaca, Randy considera que seus dias de lutador profissional estão perto do fim. Mas como abrir mão da única coisa que ainda lhe dá um pouco de dignidade em sua vida?
Quando uma grande luta se aproxima, Randy “The Ram” Robinson precisa escolher: continuar com o show ou assistir a queda livre de sua carreira?
Mickey Rourke certamente escolheu a primeira.