“O Casamento de Rachel”

Estréia amanhã o delicioso “O Casamento de Rachel” (“Rachel Getting Married”, no original), que vem sendo muito comentado por ter dado à gracinha Anne Hathaway sua primeira indicação ao Oscar. Mas o filme merece ser visto por várias outras razões, e não apenas pelo desempenho (espetacular, é verdade) da atriz.

Hathaway interpreta Kym, liberada de uma clínica de reabilitação (estando “limpa” há nove meses – uma metáfora para renascimento?) para passar alguns dias na casa da família, para o casamento de sua irmã Rachel. Seu jeito rebelde e arisco derruba máscaras e penetra nas fachadas aparentemente sólidas de sua família, em meio a uma casa repleta de amigos festejando e preparando tudo para a cerimônia.

O grande mérito do filme (além de Hathaway e Rosemarie DeWitt, ótima na pele de Rachel) está no roteiro de Jenny Lumet e na direção de Jonathan Demme (que andava meio sumido após “O Silêncio dos Inocentes” e “Filadélfia”), que apesar da câmera às vezes meio sacolejante (em especial quando a imagem vista é da filmadora de algum dos convidados do casamento – única falha real, e que pode incomodar alguns), é envolvente e mostra sempre o lado mais humano e realista de seus personagens, principalmente no que diz respeito com a forma de cada um lidar com os dramas do passado.

O roteiro de “O Casamento de Rachel” foi entregue à Jonathan Demme por ninguém menos que Sidney Lumet (diretor de diversos clássicos do cinema, entre eles “Serpico” e “Assassinato no Orient Express”), dizendo que ele deveria ler o roteiro escrito por sua filha, Jenny (o primeiro dela a virar um longa). Demme declarou que adorou “o menosprezo evidente de Jenny para com as regras da fórmula, sua falta de preocupação em fazer com que seus personagens fossem agradáveis de uma forma convencional e o que eu considero como sendo uma abordagem ousada da verdade, sofrimento e humor”.

Poderia-se descrever “O Casamento de Rachel” como um drama, uma comédia, ou uma mistura dos dois. O mais próximo da verdade, no entanto, é dizer que o longa é apaixonante.

 

Curiosidade: toda a música do filme é cantada e/ou tocada ao vivo pelos convidados da festa, que inclui as participações de Tunde Abedimpe (da banda TV On The Radio, interpretando o noivo de Rachel), a cantora Tamyra Gray (participante do primeiro American Idol) e o grande jazzista Donald Harrison Jr.