“Foi Apenas Um Sonho”
por Lucas Sigaud em fevereiro 10, 2009Zero Comentários =( Publicado em Cinema, Destaque, Orgulho Nerd
Em primeiro lugar, é bom deixar claro desde o início que “Foi Apenas Um Sonho” não é um filme para qualquer um – é pesado, angustiante e, para pegar emprestada uma expressão utilizada pelo seu pergonagem principal, vazio sem esperanças. Mas não vazio de conteúdo, e, sim, de perspectivas e salvação para o casal de protagonistas em torno do qual a trama se desenrola.
Frank e April Wheeler mudam-se com seus dois filhos para uma casa em um subúrbio de Connecticut, durante a década de 50, e lá vivem suas rotinas vazias, medíocres e estagnadas, que cada vez mais os frustram. De repente, um sopro de vida chega em suas vidas quando April tem a idéia de Frank largar seu emprego, venderem tudo e se mudarem para Paris, onde Frank poderia finalmente encontrar sua paixão e “tudo é mais interessante e cheio de vida”. De fato, os planos são suficientes para mudar suas vidas.
Sam Mendes consegue retratar ainda melhor a classe média suburbana norte-america aqui do que em “Beleza Americana”, um dos dois grandes filmes anteriores que dirigiu (o outro é “Estrada Para Perdição”). O diretor conta também com a ajuda de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, afinadíssimos (e felizmente nos fazendo esquecer completamente de “Titanic”) como o casal Wheeler, e do razoavelmente desconhecido Michael Shannon, indicado ao Oscar pela sua interpretação do perturbado John Givings, responsável por falar a verdade crua quando está em cena.
A única crítica realmente negativa é a adaptação para o português do título original, “Revolutionary Road”, que, sendo o nome da rua em que Frank e April moram, simboliza não apenas as suas vidas, mas também suas existências estagnadas e sem esperanças naquele subúrbio de Connecticut.
Curiosidade: lembrar-se de “Titanic” é inevitável, uma vez que três dos atores principais de um estão no outro: DiCaprio, Winslet e Kathy Bates. Por exemplo, Winslet reprisa sua cena de sexo dentro de um carro com uma mão escorregando pela janela – apesar de em um contexto completamente diferente. O filme marca também a primeira colaboração de Mendes e Winslet, casados fora das telas.