“O Curioso Caso de Benjamin Button”

Sem sombra de dúvidas, “O Curioso Caso de Benjamin Button” é um dos melhores filmes que estrearam este ano no Brasil, e um dos fortes candidatos ao Oscar, com nada menos que 13 (!) indicações. Não é, no entanto, o favorito ao prêmio de melhor filme – honra essa que cabe a “Slumdog Millionare” (inédito por aqui, onde estreará com o título “Quem Quer Ser Um Milionário?”), que vem colecionando prêmios.

Porém, “Benjamin Button” tem mais do que méritos para almejar a estatueta, e merece as indicações. O filme de David Fincher (que quando deu uma pausa na direção de videoclipes, fez clássicos do cinema contemporâneo como “Se7en” e “Clube da Luta”), baseado no conto homônimo de F. Scott Fitzgerald, se assemelha em muitos pontos a um “Forrest Gump” mais fantasioso (com um quê de “Big Fish”) – em especial pela narrativa de cenas da história do personagem principal relatadas pelo seu próprio ponto de vista. A ‘novidade’ aqui é que Benjamin Button nasceu com a aparência – e saúde física – de um idoso, e seu corpo vai rejuvenescendo à medida em que ele envelhece.

E daí, com muita, muita sensibilidade, o público vai conhecendo a sua curiosa vida, desde a infância em uma cadeira de rodas em um asilo para idosos, até suas viagens como marinheiro, seu amor por Daisy, e os dilemas de sua existência completamente fora do padrão.

Em um elenco fortíssimo – Cate Blanchett no papel de Daisy está esplêndida, bem como os surpreendentes Taraji P. Henson (de “Quatro Irmãos” e da série “Boston Legal”), indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo papel de Queenie, mãe adotiva de Benjamin, e o desconhecido Jared Harris como o Capitão Mike – Brad Pitt brilha na pele de Benjamin Button, no que pode muito bem ser a melhor interpretação de sua carreira; a forma como Pitt consegue dar um semblante jovial e um brilho no olhar de Benjamin quando este é jovem e tem corpo de velho, e uma aparência cansada e um olhar profundo demais para o rosto de adolescente que tem ao fim da vida, é absolutamente impressionante.

“O Curioso Caso de Benjamin Button” é um filme ao mesmo tempo alegre e triste, lento e rápido, emocionante e divertido. Uma alegoria tocante sobre o envelhecimento, que consegue ser ainda uma reflexão e uma celebração da vida e do amor. É uma história que deve ser vista.

Goodnight, Daisy.

Curiosidade: naturalmente, a história original, escrita em 1921, foi transferida no tempo e no espaço – do século XIX para o XX, de Baltimore para New Orleans, que visual e historicamente tem muito mais graça e simbolismo (principalmente em vista do furacão Katrina, presente no filme).