“Aquarelas do Ary”

Rangel Andrade é ator da Cia. dos Atores Invisíveis cujo blog/podcast se chama Luz&Sombra. Visite!

“Oh, abre-alas que o Ary vai passar…” Que me perdoe Chiquinha Gonzaga, mas não poderia deixar de falar de um dos nossos maiores compositores sem brincar com o verso de seus versos mais famosos.

Ary Evangelista Resende Barroso ou, brasileiramente falando, Ary Barroso, nasceu nas Minas Gerais, em Ubá, no dia 07/11/1903. E foi ainda menino, no piano da tia, que teve seu primeiro contato com a música. Mal sabia ela que aquele seria o autor de obras-primas como “Aquarela do Brasil”, “No Rancho Fundo”, “Pra Machucar Meu Coração”, entre outras, onde cantou o Brasil, o samba, o amor, a boêmia. Comandou durante muito tempo o “Calouros em desfile”, na Rádio Cruzeiro do Sul e depois na Tupi. De pavio curto e sem papas na língua, se tornou um dos maiores sucessos de sua época. O Brasil parava esperando o gongo do Macalé.

É com esse clima de boêmia que “Aquarelas do Ary”, que esteve em cartaz na Sala Badem Powell até o fim de novembro, foi se revelando diante dos olhos de quem assistiu. Uma música. Uma pausa. Uma cerveja. Palmas. Outra música. Platéia que canta. Pausa. Palmas. Cerveja. Música. Gongo. E inicia nossa viagem pelo túnel do tempo…

Em meio a cartas que aparecem. Partituras que se mostram. Um piano que vira bar e uma banda que representaria um coro no teatro grego pela força dramática que a música exerce na vida de Ary, o Núcleo Informal de Teatro nos brinda com uma peça leve e poética. O trio de atores que dividem o personagem principal é de uma sincronia espetacular. Cada um com seu jeitinho, cada um com seu Ary, mas muito empenhados em dar o máximo de si.

Todos comandados por Joana Lebreiro, que dá seu toque sensível ao espetáculo, conseguindo emocionar a platéia em alguns momentos, não só pela história, mas pela forma e respeito com que nos contaram Ary Barroso. Há tempos não se via um trabalho de figurino, cenário e iluminação tão precisos e que se complementam, como uma costura onde um tecido sobrepõe o outro e juntos vestem a dama. Simplesmente perfeitos.

Boêmio, político, radialista, compositor e mais do que isso: brasileiro (e dos mais viscerais). Traduzindo em uma simples canção, feita numa noite chuvosa, tudo que o Brasil tinha de melhor. Ary foi único.

Rangel Andrade
Cia. de Atores Invisíveis

Visite o blog/podcast da Cia de Atores Invisíveis!
Ao lado escute o PodCast Luz&Sombra.