“Sobre Meninos e Lobos”

“Sobre meninos e lobos” (“Mystic River”, 2003, EUA, 165 minutos) é um dos melhores trabalhos de um dos maiores diretores da atualidade, Clint Eastwood. Aquele que não se deixa envolver pela indústria. Que faz o filme que quer e ainda tem o aplauso dela.

Um cara que é admirado pela sua postura íntegra.

Talvez fosse o caso não só das pessoas admirarem tal conduta, mas de aprenderem com ela e praticá-la.

Mas estou aqui para falar do filme, um dos melhores feitos nos últimos anos.

Três amigos adolescentes de Boston estão brincando. Até que chega um carro, pega um deles e some.

Passam-se semanas até que o menino reapareça.

Corte.

Alguns anos depois, já não são mais meninos. São homens. Cada qual com sua ferida. Com sua vida. Suas perdas.

Kevin Bacon (“Footloose”) é o policial. Sean Penn (“A Intérprete”), magistral, um comerciante com ficha policial. Tim Robbins (“O Jogador”), estupendo, é aquele garoto que entrou no carrão.

Clint é um excelente diretor de atores. Extrai de cada um deles o seu melhor.

No elenco de apoio ainda estão os ótimos Laura Linney (“A Lula e a Baleia”) e Marcia Gay Harden (“Pollock”) e Laurence Fishburne (“Matrix”).

Baseado no livro do ótimo Dennis Lehane, o roteiro é primoroso.

A filha do personagem de Sean Penn é encontrada morta. O lancinante grito de dor do pai desesperado dilacera o coração do espectador.

Podem dizer que estou usando adjetivos demais. É a reação que o filme provoca.

Não é um filme fácil. Nem faz concessões. E, quando saímos da projeção, o que fazemos? Pensamos.

O crime abre feridas que pareciam cicatrizadas, desvenda segredos enterrados e faz com que o pai da adolescente assassinada (Emmy Rossum, de “O Fantasma da Ópera”) queira justiça a qualquer preço.

Um filme que mostra um lado sombrio do ser humano. Um lado que todos temos e que muitas vezes não queremos enfrentar. Porém, ter a consciência que ele existe é o primeiro passo para não nos deixar dominar por ele.

Dia 05 de dezembro, sexta-feira, às 00.45 h, no TNT.