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Há dois meses disponível na internet, é uma iniciativa absolutamente louvável de Fábio Fernandes e Jacques Barcia e um sonho semi-realizado para os entusiastas de ficção científica no Brasil.

O Terra Incognita, em primeiro lugar, é um periódico virtual mensal que fornece espaço para jovens (no meio, pelo menos) escritores de ficção científica – dando a chance para eles serem lidos, ao mesmo tempo que busca saciar a sede daqueles com pouco material para ler. A segunda edição já está no ar, e o projeto parece, pelo menos em um estágio inicial, estar colhendo bons frutos.

Segundo os próprios Fábio e Jacques explicitam no editorial do segundo número, o feedback vem sendo no geral positivo, mas controverso: muitos não entenderam um ou outro conto da edição de estréia. O que, segundo os responsáveis pela empreitada, é ótimo – o que o Terra Incognita busca não é a historieta clichê de ficção científica, mas algo novo, original, e que mexa com a cabeça do leitor. Algo que tire o gênero do lugar-comum e o transforme em algo que faça as pessoas sentir ou pensar – de preferência os dois.

O que é genial – mas é também o que justifica o “semi-realizado” no primeiro parágrafo. É fato que tal conceito é necessário para a manutenção do gênero enquanto literatura, e que a ficção científica necessita desse tipo de trabalho (afinal, “Star Wars” revolucionou o mundo justamente por ser revolucionário para sua época). Como os próprios editores fazem questão de frisar, “Os Doze Macacos” provocou neles uma epifania ao começar com um tango de Piazzolla, ao quebrar quase um paradigma em trilhas sonoras de filmes de ficção científica. No entanto, é natural, como todo movimento que busca quebrar com os clichês enraizados na mente do público, que haja uma certa resistência (esperamos que breve). Mas basta abrir a mente para se deliciar com a oportunidade de ler e conhecer novas histórias e vertentes do gênero.

Independentemente disso, Terra Incognita, pelo menos para nós do OutraCoisa, já é um sucesso. E, para os fãs, é uma dádiva: um periódico especializado em ficção científica, com contos inovadores e um alto grau de qualidade, além de artigos exclusivos. Aplausos para Fábio Fernandes e Jacques Barcia.

Curiosidade: a forma estrutural das duas primeiras edições do Terra Incognita foi a mesma, e imagina-se que será mantida: além de quatro contos, há também uma entrevista com um dos autores publicados e um artigo sobre algum tema relacionado.