“Quero ser Grande”
por Rita Franco em outubro 31, 2008Com Um Comentário, Publicado em TV a Cabo
“Quero ser grande” (“Big”, EUA, 1988, 115 minutos) valeria só pela cena do talentoso Tom Hanks (“Forrest Gump – O Contador de Histórias”) tocando “o bife” (aquela música que tocava em uma propaganda do Danoninho na década de 80… Quem tem mais de 25 anos saberá do que estou falando, uma das melhores publicidades que já fizeram no Brasil. Quem não tem, acredito que alguém já deve ter colocado na net… Se não puseram, aqui fica a dica) em um pianinho de uma loja de brinquedos, no chão, com os pés.
Uma cena antológica. Divertida. E que emociona.
Emociona porque traz aos adultos as lembranças de como é bom ser criança. De como é bom conservar uma certa pureza infantil. Levar a vida com leveza, ter sonhos, acreditar naquilo que se quer.
Em um mundo em que tanto se cobra das pessoas, em que “ter ilusões” é considerado fracasso, lembrar-se de como as coisas podem ser simples, de como podemos ser felizes com elas e como o contentamento pode dar um brilho diferente aos olhos é um bálsamo para as pressões cotidianas.
Nós crescemos. Ás vezes com mais dor. Outras, com menos. Mas uma parte de nós fica para trás. Uma parte que, muitas vezes, até sem querer, acabamos por desprezar. Ou pensamos “para quê lembrar disso”? Uma parte que merece resgate. Para termos uma vida mais saudável. Para aumentar nossa alegria. Porque a responsabilidade que vem com o passar dos anos não significa que devamos esquecer de como podemos fazer o mundo belo. E agradável.
Um menino de seus 12 (ou 13) anos quer crescer. E pede isso a uma máquina. Ela concede o desejo. E aqui fica um alerta: é preciso prestar atenção no que se deseja. Porque nem tudo são flores. Em qualquer parte da vida humana.
O garoto se torna Tom Hanks. Um menino em corpo de homem. E as confusões (e risadas) são inevitáveis. E verdadeiras.
Uma história muito parecida foi contada em “De repente 30″ com Jennifer Garner (“Alias”) e Mark Ruffalo (“Ensaio sobre a cegueira”), só que desta vez “ela” é que queria crescer.
Esses filmes dizem muito sobre o ser humano. No fundo, no fundo, temos nossos sonhos. Mas, muitas vezes, premidos pela sociedade, escondemos. Não é condizente com a racionalidade que se exige de nós, adultos.
Mas essas personagens tiveram a chance de conhecer como seriam. E, como se trata de ficção, elas retornaram ao que eram antes, já com uma certa consciência do que queriam e do que não queriam.
Imaginem se isso fosse possível! Como não é, talvez a mensagem mais importante seja: aproveite a fase que você está vivendo. Porque, depois que ela passa, passa. Existem alguns retornos. Alguns. E acabamos por não enxergar pequenas belezas. Não nos damos chance. É claro que o “aproveitar” não é algo a ser feito de forma desordenada. Porém, um pouco mais de espontaneidade nessa vida torna-a menos penosa.
Ao invés de criticarmos sempre, que tal aceitarmos um pouco mais?
O filme também conta com Elizabeth Perkins (“Procura-se um amor que goste de cachorros”) e é dirigido por Penny Marshall, que trabalho novamente com Hanks em “Uma equipe muito especial” (título original: “A League of Their Own”, também com Madonna e Geena Davis).
Um filme que vale ser chamado, sem erro, de “clássico dos anos 80″.
Dia 01 de novembro, às 21 h no Telecine Cult.
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Na cena do piano, vale a pena citar a participação do agora super-veterano Robert Loggia.