“Uma Linda Mulher”

Como começar um artigo sobre “Uma linda mulher” (“Pretty Woman”, EUA, 1990)?

Dizer que é um “conto-de-fadas” moderno parece chover no molhado, cair na mesmice.

Mas o filme é isso mesmo. Um conto-de-fadas moderno.

Alguns críticos usam tal expressão para diminuir a beleza e a qualidade do longa. Só que, ao contrário do que alardeiam por aí seus detratores, “contos-de-fadas” (modernos ou não) não são sinônimos de “histórias sem história”.

Uma fábula pode possuir (e normalmente assim o é) muita riqueza.

No filme, Edward Lewis (o maravilhoso Richard Gere, de “Noites de Tormenta”) é um executivo muito bem-sucedido.

Uma noite ele está passeando por uma parte não muito glamourosa de Los Angeles quando conhece a prostituta Vivian Ward (a lindíssima Julia Roberts), de peruca loira que esconde magníficos naturais cachos ruivos.

Papo pai, papo vem, como ele é um cara de classe, vão para um hotel chique onde Vivian logo de cara mostra ser uma garota esperta e saber se cuidar.

Isso é um ponto a ser considerado, que diferencia o filme de uma gama infindável de histórias que mostram só o lado agradável sem mensurar conseqüências. Essa é uma cena pouco comentada, mas que merece mais atenção, mesmo porque não torna o filme menos romântico.

Edward é um homem cheio de compromissos e está prestes a fechar um negócio importantíssimo.

Mas é solteiro, vive para o trabalho e os outros negociantes são um tanto quanto conservadores.

Então ele contrata Vivian por uma semana para posar de “namorada”.

A partir daí começa a tranformação dos dois.

Edward passa a entender como autenticidade é importante. E Vivian, com ajuda do gerente do hotel (Hector Elizondo), transforma-se em uma dama, não sem antes ser alvo de preconceitos por parte de uma vendedora da badaladíssima Rodeo Drive, que depois percebe como ser adepta de idéias pré-concebidas pode ser ruim para uma comissionada em uma das melhores cenas do filme.

E o que era somente “negócios” torna-se envolvimento.

Um filme para divertir, sim, para sonhar e sorrir, mas também para mostrar que as aparências (muitas vezes super-valorizadas) podem enganar, que sentimentos podem brotar quando e onde menos se esperam, que muitas vezes tudo o que se precisa é de uma oportunidade e que as pessoas se dêem essa chance (a si próprias e aos outros).

No canal HBO dias 20 de outubro, às 13 h, 26, às 10 h e 30, às 09 h.

E no HBO Plus, dias 20, às 16 h, 26, às 13 h e 30, às 12 h.

Vale rever!