“Katyń”
por Lucas Sigaud em outubro 3, 2008Um Comentário Publicado em Cinema, Destaque
O mais recente longa do diretor polonês Andrzej Wajda, do ano passado, trata da segunda guerra mundial, tema incessantemente revisitado, mas com um ponto de vista totalmente original: a situação delicadíssima da Polônia durante (invadida por soviéticos e alemães) e após a guerra (sob governo oficial soviético), retratada pelo massacre de oficiais na floresta de Katyń.
O filme centra em alguns pergonagens principais, como Andrzej (vivido por um magistral Artur Zmijewski), sua esposa Anna (a expressiva Maja Ostaszewska), o Tenente Jerzy (Andrzej Chyra, excelente) e Agnieszka (interpretada pela linda Magdalena Cielecka), para mostrar as conseqüências da guerra e em especial a indignação e a revolta decorrentes da fraude divulgada pelo governo soviético de que o massacre de Katyń fora perpetrado pelos alemães, em vez de pelo próprio ‘exército vermelho’.
Wajda cria uma história de guerra que, apesar de violenta, foca particularmente nos conflitos psicológicos vividos por aqueles que sobreviveram à mesma, em vez de torná-la uma sucessão de cenas convencionais de batalha. Por isso, recebeu uma justa indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro este ano e surge como um dos grandes nomes desta edição do Festival do Rio. Tomara que “Katyń” passe depois no circuito convencional – é um filme que merece (e deve) ser visto.
Curiosidade: apesar de “Katyń” não ter ganho o Oscar de melhor filme estrangeiro, o diretor, agora com 82 anos, Andrzej Wajda já recebeu um Oscar honorário, em 2000, por cinco décadas de cinema de altíssima qualidade, liderando a escola cinematográfica polonesa com filmes como o premiado “Danton”, de 1983. O curioso é que Wajda doou seu Oscar para o museu da Universidade Jagielloński, em Cracóvia.