“Edward Mãos de Tesoura”

“Edward Mãos de Tesoura” (“Edward Scissorhands”, EUA, 1990, 105 minutos) é uma bela fábula sobre como o ser humano pode ser intolerante.

Sobre como podemos dizer uma coisa mas agirmos completamente diferente. Sobre como guardamos escondidos dentro da gente determinados sentimentos mesquinhos que afloram quando a situação não está sob nosso controle.

Sobre como fingimos.

Sobre as dificuldades daquele que está fora do padrão.

Sobre convivência. Sobre como as pessoas podem ser malignas. E irresponsáveis. E inconseqüentes.

Edward é uma obra inacabada do inventor vivido por Vincent Price, em uma bela homenagem do diretor Tim Burton (“Peixe Grande e suas histórias maravilhosas”, “A lenda do cavaleiro sem cabeça”) a um dos principais atores do cinema fantástico.

Inacabada porque ele morre antes de completar a criação, deixando no lugar das mãos, tesouras.

Em mais uma de suas parcerias com o diretor, Johnny Depp (o já citado “A lenda do cavaleiro sem cabeça”, a refilmagem de “A fantástica fábrica de chocolate”) vive o isolado Edward, dentro de um castelo.

Com suas “mãos” ele faz obras de arte nos jardins.

Um dia uma vendedora da Avon (Dianne Wiest) bate às portas do castelo.

E ao descobrir o solitário Edward, resolve levá-lo para casa.

No começo é uma festa, todos querem conhecer Edward e suas mãos de tesoura, que transforma os cabelos de donas-de-casa suburbanas também em manifestação artística.

A vendedora tem uma filha, Kim (Winona Ryder, de “Drácula de Bram Stoker”) e que namorou Depp por um bom tempo no início da décade de 90.

Edward se encanta com a garota. Mas existe um abismo intransponível entre ele e sua “inserção” ma sociedade.

Porque Edward é inocente. Tem um coração puro. E admitir que alguém tão “imperfeito” possua qualidades que os considerados “normais” há muito esqueceram é uma prova que nem todos conseguem suportar. Se alguns o amam, outros o odeiam.

Um belo exercício de cinema, de arte, de humanidade.

Dias 27 de setembro, às 14 h e 29, à 01 h, no canal Telecine Pipoca.

Curiosidade: “Edward Mãos de Tesoura” foi inspirado em “Frankenstein”, de Mary Shelley.