“Fay Grim”
por Bruno Accioly em setembro 19, 2008Zero Comentários =( Publicado em Cinema, Destaque
Em “Fay Grim” (IMDB), Hal Hartley vai impor seu ritmo incomum ao espectador desavisado e satisfazer mesmo a quem vai ao cinema apenas para se divertir.
Hartley não é qualquer um. Trata-se de um diretor e roteirista ousado corajoso, que trabalha para conseguir fazer filmes nos quais acredita e que são muito mais do que apenas um passa-tempo.
Tendo escrito e dirigido “O Livro da Vida” (IMDB), cuja temática e desenrolar do filme impressionam, Hartley se mostrou meticuloso em buscar uma nova linguagem cinematográfica e a intenção de emprestar mais significado às coisas do que elas parecem ter.
“Fay Grim” é uma continuação independente de “Henry Fool” (IMDB – de 1997), que contava a história do lixeiro e escritor decadente que inspira Simon Grim a escrever a “Grande Poesia Americana”, que se tornaria uma lenda literária enquanto o próprio Henry Fool afundava na lama da auto-comiseração até que precisa fugir do país graças a seu passado.
A continuação, “Fay Grim”, lançada em 2006 e que chega agora aos cinemas Brasileiros, revisita as mesmas personagens resignificando a estória e dando novo sentido aos acontecimentos vistos nove anos antes por quem assistiu “Henry Fool”.
Na seqüencia, Henry Fool está foragido e Fay, sua esposa que ele deixou há tanto com seu filho, é procurada pela CIA, que sugere que Henry estava envolvido com atividades subversivas e foi morto. Pedem a ela então que vá buscar suas “Confissões”, um grupo de oito cadernos manuscritos que sempre foram atribuídos a sua notória falta de talento.
A direção e temática originais de Hartley dão espaço para a talentosa Parker Posey, para o ótimo James Urbaniak, para o impagável Jeff Goldblum e para o sensacional Thomas Jay Rian mostrarem seu valor ao contar uma história.
Vale perceber a ironia de Hartley ao dirigir cenas de ação de forma que estas fiquem picotadas, desvalorizadas e sem importância, para só então voltar ao “tempo” normal de filme, o que acaba valorizando mais o roteiro que a ação ininterrupta.
Se não for pelo elenco e pela intrincada história de espionagem, o amante do cinema deve ir ver “Fay Grim” porque Hal Hartley é um diretor incomum e um roteirista extremamente criativo e sarcástico, que consegue criticar os aspectos mais triviais do dia a dia de forma incomodamente cáustica.
Nos cinemas em breve!