“O Nevoeiro”

“O Nevoeiro” (do original “The Mist” – IMDB), é inegável e surpreendentemente bom.

Digo surpreendentemente porque muitos filmes de Stephen King sofrem do mal crônico de tropeçarem nas próprias pernas na linha de chegada e resultarem em uma grande farofa cinematográfica de gosto duvidoso.

A adaptação competente do conto “The Mist”, publicado na coletânea “Skeleton Crew”, foi feita pelo diretor Frank Darabont, que expandiu grandemente a história e escolheu acertadamente os atores para encarnar as personagens de “O Nevoeiro”.

O protagonista é vivido por Thomas Jane (“The Punisher”), que divide boa parte do filme com a bela Laurie Holden como par quase-romântico. Marcia Gay Harden vive a religiosa que a gente ama odiar, Andre Braugher faz o vizinho cético chato e o resto do elenco faz muito bem os papéis restantes, em um micro-cosmo do que são os embates humanos.

O filme conta a história de uma cidade que se vê envolta por um nevoeiro denso, inexplicado a princípio, e pelos boatos de que algumas pessoas estão desaparecendo. Muito cedo na história King e Darabont não se furtam a mostrar a que vieram: o inimigo aparece cedo, contratintuitivamente e contrariando tudo o que se costuma dizer, o filme continua viável e bacana mesmo assim.

Sim, como sempre, mesmo sem ver os créditos você já sabe que é um filme de Stephen King, mas isso não é uma crítica. King tem uma habilidade inigualável para nos jogar em um mundo paranóide que ressalta as fraquezas e predisposições humanas, para o pior e para o melhor.

O filme bem poderia ser só isso: um filme de terror. Mas nos 126 minutos de filme há algo mais… algo que transpirou para o slogan de lançamento – “O Medo Muda Tudo”. Com um inimigo aterrorizante e invisível, separado de nós por uma patética barreira de vidro, nossas qualidades e defeitos tomam conta da situação e nos jogam uns contra os outros. Nada mais apropriado que classificar este como um “filme de terror”, quando uma fronteira frágil é a única coisa entre nós e o que nos aterroriza e quando o monstro, que cada um de nós carrega em si, vem a tona.

…Difícil não imaginar que houve subtexto acerca do terrorismo, na obra de King e Darabont.

Com ou sem subtexto, contudo, com um final original, nada água com açúcar e no qual se pode acreditar, “O Nevoeiro” entrou para o meu seleto grupo de melhores filmes de Stephen King, que é encabeçado por “Trocas Macabras” (“Needful Things” – IMDB), meu predileto.

Dia 29 de Agosto de 2008 nos cinemas!