“O Circo de Lucca”
por Bruno Accioly em julho 19, 2008Zero Comentários =( Publicado em Destaque, Quadrinhos
“O Circo de Lucca” podia ser mais um quadrinho brasileiro bem feito, mas acabou sendo bem mais que isso quando roteirista de quadrinhos e ilustrador Jozz, resolveu fazer meta-quadrinhos.
Quadrinhos em meta-linguagem não são incomuns, mas Jozz explorou essa media de forma muito consistente para questionar para quem é criada a história em quadrinhos e por qual motivo.
O protagonista de “O Circo de Lucca” é um desenhista que passa maus bocados para elaborar uma história, que tem idéia do que quer mas não desenvolve o trabalho por hesitar em não comunicar sua idéia com perfeição. Quando percebe ter algo que vale a pena contar, entende que há muito que não sabe a respeito de sua própria arte.
Trata-se uma jornada existencial, como nos referiríamos a “Alice no País das Maravilhas”, “O Pequeno Príncipe” ou “Viagem de Chirriro”, e Jozz, com habilidade, colide o personagem principal com coadjuvantes que nos ajudam a entendê-lo melhor e a entendermos a nós mesmos.
A obra foi projeto de formatura de Jozz e está sendo lançado pela Editora Devir.
Jozz é paulistano de Jaú, mora em São Paulo, tem 25 anos e, embora adorasse a idéia de viver de quadrinhos, trabalha como ilustrador e animador.
O prefácio do quadrinho, por Luiz Gê, exalta o valor da obra, e vai muito além do óbvio para explicar em quanto Jozz acertou a mão em sua elaboração: “Essa experiência demonstra a possibilidade de uma sistematização teórica e metodológica fora de um meio puramente verbal. Um importante passo na criação de um campo de conhecimento regido por outros paradigmas. O trabalho do Jorge contribui justamente porque sugere a possibilidade de uso de um importante recurso como instrumento metodológico. A minha hipótese é a de que a metalinguagem vem se apresentar como uma das ferramentas possíveis para a condução deste viés analítico através de meios visuais. Com estes recursos abre-se a possibilidade de se trabalhar também informações intraduzíveis para a palavra escrita, mas que nem por isso deixam de ser exprimíveis – através da imagem.”
Luiz Gê