“Bird”, um filme de Jazz

Hoje mesmo ouvi ao longe, doutra conversa, uma citação daquela frase “fez porque não sabia que era impossível”. Lembrei daquela história do Charlie Parker que aprendeu a tocar sax sozinho tentando tirar os sons que vinham de uma vitrola velha. Acontece que a vitrola tinha problemas na velocidade da rotação: a música saía em outro tom. E assim Bird começou a tocar sax em tons que ninguém tocava.


Fico sabendo agora que a excelente cinebiografia “Bird” (1988) sobre a vida e obra de Charlie Parker passa amanhã. É um filme sensível em que Clint Eastwood dirige Forest Whitaker (no papel título) que encarna o maior dos saxofonistas de jazz. Gosto de jazz e meu sax preferido de todos, todos não é o Bird. Mas acredito que em uma “lista” de apenas um sax não há como o nome não ser Charles Parker Jr. ou Yardbird ou só Bird como ficou famoso.

Em seu mais recente episódio de arroubo pró-afro-americano, Spike Lee dá uma desancada desrespeitosa em Clint Eastwood. Lee comete sempre estes mesmos desatinos aqui e acolá. Lembro que já o fez com Woody Allen dizendo que o cinema deste não era interessante por falta de atores negros. Mas Bird é uma obra prima repleta de afro-americanos que Lee também criticou…

O fato é que Eastwood ama jazz e cinema. E “Bird” é uma aula de cinema com uma trilha sonora maravilhosa. A forma como Whitaker revive o músico é assustadora. Postura, gestos e até a digitação do instrumento dão a sensação exata de Charlie Parker está ali. Valeu o prêmio de melhor ator em Cannes. Coisa igual só mesmo no também excelente “Ray” (2004).