Conteúdo gerado pelo Gamer

Desde os antigos jogos de RPG até os mais complexos construtores de arena a la Half-Life, a idéia de customização nos games não é exatamente o que se pode chamar de “nova”. O que hoje se faz escolhendo esta ou aquela armadura para o seu avatar de um MMORPG já existia, conceitualmente, na simples possibilidade de jogar com o Ken azul em Street Fighter II.

Mas o que você talvez não tenha percebido é que próximo passo no quesito customização de games já foi dado. Agora, o eixo principal de alguns jogos é justamente a possibilidade de criar uma experiência de jogo única, só sua. Fazendo as vezes de programadores e designers, agora somos nós, os gamers, que vamos decidir o que fazer em mundos quase completamente abertos. Acompanhe alguns exemplos de games onde o que você cria é o que conta.

LittleBigPlanet

LittleBigPlanet é um jogo de proposta tão diferente que, bem, não se encaixa em nenhuma definição. A empreitada da produtora Media Molecule no PS3 se assemelha a uma ferramenta de construção de arena, só que com possibilidades absurdas de tão amplas. A idéia é que se forme uma comunidade de jogadores, onde é possível trocar todo o conteúdo gerado pelo sistema de criação do jogo. Ah, e você é uma espécie de bonequinho de pano, que também pode ser customizado, claro.

Dizer que LittleBigPlanet é um mega construtor de cenários é fazer pouco caso dos incríveis efeitos de física e ferramentas de construção do game. A liberdade é tanta que podemos esperar por uma enxurrada de obras de arte feitas com a ajuda dos bichinhos de pelúcia macabros. Bem, considerando a vocação para o mal deste tipo de liberdade, é óbvio que várias criações não tão artísticas assim também aparecerão de todos os cantos do mundo. Resta saber se virá algum software de controle de conteúdo junto com o jogo.

Monster Lab

Neste game para Wii e DS você encarna um cientista louco recrutado para construir um tipo de Frankenstein/Rocky Balboa e vencer as criações de outro cientista que governa a região na base do “Big Stick”. O jogador deve encontrar ingredientes para fazer partes de corpos e depois uni-las, criando um guerreiro com características únicas.

Não há como olhar para este jogo e não se deixar levar por uma antiga vontade interna que todos nós tivemos de construir um daqueles robôs lutadores que se vê na televisão às vezes, com serras elétricas, machados e outros apetrechos de destruição. Tudo bem, talvez só eu sinta isso. Mas ainda assim, o jogo promete.

Drawn to Life

Este jogo poderia ser mais um game de plataforma genérico, não fosse pelo fato que, graças à tela sensível do Nintendo DS, você desenha o protagonista e muitos dos seus itens, da forma que quiser.

Quanto ao jogo em si, na verdade a fórmula não é um primor de originalidade, mas há de se concordar que nunca foi possível ter um personagem principal tão próprio em um game.

Blast Works

Você lembra daqueles jogos de tiro estilo Gradius? Blast Works é um construtor desse tipo de shooter. Você pode regular parâmetros como a direção do scroll da tela (lateral ou para cima), desenha suas naves e inimigos e pode ainda enviar seu jogo para amigos pela rede WiiConect. Para melhorar, você pode habilitar quatro shooters clássicos no jogo, além da infinidade de possibilidades que ele já proporciona.
Se você é um fã deste tipo de game, comece a considerar comprar um Wii. Blast Works é garantia de diversão eterna.

O angustiantemente esperado jogo de Will Wright, criador das séries SimCity e The Sims, tem como característica o mote principal, um tanto quanto ousado. O jogador deve desenvolver uma civilização que chega a conquistar o espaço a partir de um organismo unicelular. O game que, só com isso, faria Sid Meier arregalar os olhos, tem mais um interessante detalhe: o jogador escolhe o caminho de evolução da sua espécie. Isso mesmo, ao final do jogo, você terá criado um ser completamente diferente de qualquer outro, a partir dos seus parâmetros. Quer que seu novo animal tenha quatro braços e não tenha olhos? Ok, a escolha é sua. Quer que sua raça seja esguia como uma lagartixa? Vá em frente. Quer criar uma bolinha sem membros que não consegue sair do lugar? É uma opção, mas você provavelmente entrará em extinção bem rápido.

De qualquer forma, Spore parece ser um grande jogo, daqueles que chegam e mudam o mercado por completo. Resta saber se algum dia ele ficará pronto, ou se teremos outro Duke Nukem Forever nas mãos. Espero que não.

Com mais uma lista de 5 jogos, fica provada a teoria de que o mundo será, no futuro, um gigantesco YouTube. O “conteúdo gerado pelo usuário” finalmente chegou aos games. Ora, melhor para nós, os tais usuários.